terça-feira, 15 de novembro de 2016

Ciclistas? Não, obrigado!

Tenho uma bronca pessoal com os ciclistas ideológicos, não com os que usam o veículo em falta de coisa mais confortável para seu transporte ao trabalho, escola ou lazer.

Advogam as vantagens e as maravilhas de usar o veículo de duas rodas de propulsão humana como forma de manter a saúde e ajudar na diminuição da poluição ambiental, bem como melhorar o tráfego nas cidades. Usam-na para seus exercícios, para deslocamentos a lazer ou mesmo, eventualmente, para ir ao trabalho. Geralmente modelos caros, tecnológicos, normalmente inacessíveis aos meros mortais. E as guardam como se fossem joias, fazem até seguro.

Reúnem-se em grupos de pedaladores e ocupam as ruas, desafiando e brandindo suas lanternas, garrafas d'água, apontadores laser, o que tiverem à mão, como forma de triunfo numa cruzada contra os automóveis, esses monstros metálicos, barulhentos e poluidores. Mas que a maioria tem em casa, modelos novos, caros e inacessíveis aos meros mortais. E dos quais não abrem mão nos dias de chuva, para ir ao cinema, restaurantes, festas, baladas. Afinal, quem quer chegar num lugar chique todo suado?

Como disse, nada tenho contra os trabalhadores ou estudantes pobres que fazem da bicicleta seu meio de transporte, para não ter que pagar passagem, chegando rápido ao trabalho ou à escola, por absoluta falta de opção, mesmo com tempo ruim. Esses pedalam sempre com educação, respeitando os motoristas, sabendo do risco a que se expõem na ausência de vias ciclisticas e, por isso mesmo, ocupando humildemente o lugar que lhes compete. Isso é submissão? É humilhante? Não, só se for na cabeça dos ideológicos. É apenas a noção de realidade que só a dificuldade dá.

Porque o ciclista ideológico sabe que pode embarcar no seu automóvel a qualquer momento em que a situação ficar difícil na rua, consolo que não tem o ciclista por necessidade. Aí fica fácil politizar o ato de andar de bicicleta.

Para encerrar e ilustrar o que escrevi até aqui, conto uma pequena passagem cotidiana ocorrida há alguns anos: estava passeando com minha filha de 15 anos, num carro antigo que conservo por saudosismo, quando me deparei com um imenso grupo de ciclistas ideológicos se deslocando pelas ruas da cidade, acompanhado de todo o aparato de segurança da empresa de trânsito. Numa dada rotatória, os ciclistas começaram a passar e os agentes de trânsito, também ciclistas, bloquearam a passagem de autos. Ao invés de alternaram bicicletas e automóveis, obrigaram estes a aguardar por cerca de 20 ou 30 minutos para que cada ciclista cruzasse em segurança a rotatória. Entre os carros havia particulares, táxis, veículos de entregas, motos, etc, que, num dado momento, passaram a exigir o seu direito de locomoção. Ao perceber a irritação dos condutores, ciclistas mal educados passaram a provocá-los com deboches e piadinhas, apontando lasers para o rosto dos motoristas, isso tudo mediante a apatia completas dos fiscais de trânsito em bicicletas. Receita para confusão. Alguns taxistas, preocupados com seu ganha pão, ponderaram aos guardas que permitissem a passagem de alguns automóveis, mas estes se mantiveram inertes e até desdenhosos. Como não houve ação por parte de quem deveria agir, os motoristas tomaram a frente e passaram a avançar sobre o fluxo de bicicletas, numa demonstração de quem pode mais. À mínima brecha na torrente de pedaladores, avançamos e cruzamos a rotatória, para raiva dos ciclistas e descontrole dos agentes.

Minha filha ficou muito assustada, pois o fato estava prestes a degringolar para a violência. Por pouco não ocorreu. Felizmente. Mas, eu garanto, que se qualquer um tentasse ou atentasse contra minha filha, ou contra mim, haveriam de se arrepender da decisão.

Este é o ponto a que chegamos.

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