terça-feira, 13 de outubro de 2015

Sempre mais do mesmo

Essa é curtinha, por isso vale a pena ler.

O Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, ex-aliado do Governo PT, está sendo ligado à operação Lava-Jato da Policia Federal, depois que descobriram dinheiros que ele teria recebido, lá na Suíça.

Nem um pio na Câmara sobre o assunto, ou seja, ele tem os caras na mão. Como? Não interessa, imaginem.

Ao mesmo tempo, passaram a pipocar pedidos de impeachment da Presidente Dilma Rousseff, que tem início na Câmara e somente andam com a aprovação do seu Presidente, Eduardo Cunha.

Vejo aí uma belíssima possibilidade de negociação, o velho tomaladaca, me ajuda que eu te ajudo, etc.

Mas se a conversa não resultar num acerto e forem para o pau na Câmara, ainda tem o Senado; e lá, quietinho, assistindo a tudo, esperando sua vez de entrar em cena, o Mago Renan Calheiros. Já fazendo as contas do quanto vai ganhar com isso tudo.

É isso.

sábado, 16 de maio de 2015

Tirania da conectividade

Estava escrevendo um artigo sobre um problema que passou a afligir as pessoas desde que começaram a ficar mais facilmente conectadas, quando li, por acaso, um texto muito semelhante no New York Times. Pensei, vou concluir logo o meu, antes que me acusem de plágio!

Pois lá vai!

A partir do momento em que o telefone celular, e a telefonia móvel em geral, passaram a se tornar algo trivial na nossa vida, passamos a usufruir de uma série de comodidades até então desconhecidas, como a facilidade de entrar em contato com um amigo, um parente, um colega de trabalho, etc. Todos passaram a ficar disponíveis a qualquer hora e isso foi uma revolução nas relações sociais, facilitando sobremaneira o cotidiano, tornando a solução dos problemas mais rápida e eficaz, garantindo flexibilidade e segurança às relações profissionais, enfim, poderíamos mencionar inúmeras vantagens.

Mas uma coisa que perdemos, e que não recuperaremos jamais, foi a nossa privacidade, nossa intimidade, nossa individualidade. E não adianta dizer: ah, mas é só não atender as ligações, ou, desligue o celular, coloque no modo off line, bloqueie a pessoa. Isso não convence o tirano da conectividade!

Ao tomar qualquer destas atitudes você será implacavelmente interrogado e a primeira pergunta, invariavelmente, será: "você tem celular pra quê?". E você passará a ser julgado e condenado por ter ousado tentar romper as amarras da conexão, por ter desafiado as regras sagradas da disponibilidade 24 horas, e será considerado indigno de pertencer ao grupo, um misantropo, um ermitão, um bicho do mato.

E isso vem de forma emocionalmente violenta, sem perdão, para que você se sinta mal, o último dos criminosos, apenas por ter desejado alguns momentos de solidão e de paz consigo mesmo.

Sua família, seus amigos, seus colegas de trabalho, seu chefe, pacientes, fornecedores, secretária, telemarketing, cobradores, todos, absolutamente todos serão seus algozes e passarão a marcar e delimitar sua conduta, a definir seu caráter e sua personalidade simplesmente pelo fato de você atender ou não as ligações, responder ou não a um email, um SMS, um WhatsApp, um tweet, uma menção no Facebook, e por aí vai.

E aí, meu amigo, seja bem vindo ao clube!

Alguns até entenderão e respeitarão seu direito à privacidade, seu amor pelo silêncio, seu apego à liberdade de não ser localizado, sem culpa, sem drama de consciência e sem ter que compensar, de alguma forma, mais tarde, este pecado mortal. Mas a imensa maioria não terá pena, nem esta sensibilidade e te jogará na lava fervente da ignomínia e do egoísmo, passando a te tratar como um ogro que vive nas profundezas do pântano mais assombrado.

Você deve estar se vendo neste texto, não é mesmo? E se perguntando, como sair dessa sinuca? Sinceramente, não sei a resposta. Por isso que compartilho estes pensamentos com vocês. Quem tiver uma ideia, deixe nos comentários, por favor.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Histeria coletiva feminista

Tenho lido umas postagens no Twitter de uma usuária que se sente extremamente ofendida e "ameaçada" quando um homem lhe dirige a palavra na rua elogiando seus atributos físicos - que por sinal nem são tão vistosos assim.

Tais postagens desencadeiam uma série de comentários, em sua maioria de outras moças, defensoras da incolumidade feminina e contra a selvageria da atitude masculina, ao proferir expressões como "linda",  "gostosa", "ô lá em casa! ", além, é claro, de outras de pior tom.

Qualquer destas manifestações do imaginário masculino é interpretada como desrespeito, afronta e mesmo agressão, chegando as indignadas moçoilas a tipificar a conduta como crime de assédio sexual, dirigindo toda espécie de adjetivações negativas aos varões.

O que vejo, sinceramente, é a externação de um profundo complexo de patinho feio e uma patológica baixa auto-estima.

Claro que excessos são cometidos, mas isso ocorre na vida em geral, na vida em sociedade e é por isso que aprendemos a sobreviver nas selvas urbanas, sem fazer disso um drama existencial, nem chamar a atenção de quem quer que seja para questões de ordem pessoal.

É perfeitamente possível mandar um abusado se catar, ou simplesmente ignorar o elogio e, para casos graves, realmente de assédio, caracterizados pela continuada importunação alheia, quer seja masculina ou feminina, que cause prejuízo ou transtornos às atividades normais da pessoa, existem os caminhos legais, a lei, a polícia, enfim todo um aparato de proteção à liberdade sexual das pessoas garantida pelo Estado.

O que não dá para aguentar é esse mimimi de vestais ofendidas querendo acabar com o sagrado dever da raça humana, que é crescer e multiplicar!

domingo, 29 de março de 2015

Redefinindo conceitos

Depois do ocorrido na última terca-feira, 24/03/2015 com o vôo da Germanwings entre Barcelona e Dusseldorf e a chocante indicação de que tenha o co-piloto Andreas Lubitz intencionalmente provocado a queda do avião, a tradicional investigação de acidentes aéreos tem tomado novos rumos, muito mais na direção da psicologia ou psiquiatria e das politicas de RH das companhias aéreas do que propriamente da busca de causas técnicas.

Este foco, por incrível que pareça, assusta muito mais que uma complexa e inesgotável investigação técnica, que ha de ser feita no caso, mas que não será o centro das atenções. E por mais complexa e demorada que seja, graças ao estado dos destroços, nem de longe atingirá o grau de profundidade que a questão psicológica e suas novas nuances terão.

E a razão para isso é assustadora: por mais desafiante que seja uma questão técnica, ela sempre se extinguirá nas possibilidades tecnológicas, matematicamente, ao passo que aspectos de ordem emocional e psicológico beiram o imponderável e o imprevisível, independendo de sequências de erros humanos ou falhas técnicas.

Isso assusta porque nos últimos tempos nos acostumamos a ver a tecnologia como uma deusa responsável por nosso bem estar e felicidade. O elemento humano há muito vem sendo relegado a um segundo e menos importante plano. Esquecemos que quem maneja aqueles complexos sistemas tecnológicos são pessoas que podem ter suas fragilidades, indetectáveis pelos modernos modelos de gestão empresarial.

Entendemos isso porque em muitas áreas da atividade humana um elemento emocional mal encaixado pode ser facilmente substituído. Mas, em certas áreas, quando isso ocorre, as consequências podem ser desastrosas.

Talvez seja essa a pior constatação a que estejam todos os envolvidos chegando. Esperemos que, assim como as fabricantes das aeronaves realizam modificações em seus projetos após constatarem que determinado dispositivo contribuiu para a ocorrência dos acidentes, também as questões envolvendo os atores humanos e suas falhas recebam mais atenção nos próximos anos.

terça-feira, 3 de março de 2015

Desapertos da vida

Hoje rolaram nas redes várias imagens de uma moça que teve uma diarreia súbita e foi obrigada a aliviar-se na pista de dança mesmo de uma casa noturna.

Cômico, se não fosse trágico, pois abalou a moral da menina, bem bonita, por sinal. Talvez seja este contraste entre a boa aparência da senhorita e o tabu de cagar em público o que tenha dado o tom inusitado ao fato. Afinal, uma coisa não combina com a outra, né?


Isso me fez lembrar uma história contada pelo meu pai, quando eu era criança, sobre um fato semelhante ocorrido com ele; era o ano de 1960, mais ou menos e ele morava numa comunidade agrícola, na colônia mesmo; as chances de um rapaz de 20 anos se divertir com moças eram raras e uma vez por ano todos vestiam suas melhores roupas para participar da festa em honra ao padroeiro da localidade; durante dois dias as pessoas dançavam em bailes, comiam melancias e faziam o trotoir na praça, rapazes e moças, esperançosos de causarem a melhor impressão e, quem sabe, conseguir um namoro que lhes facilitasse a lida rural do ano seguinte.

Nesse contexto, estava meu velho e um grupo de amigos e amigas, todos na faixa dos 17-20 anos; os rapazes de terno e gravata, as moças em seus vestidos mais vistosos; davam voltas em torno da praça central, sol a pino, tendo sido a última refeição do meu pai uma grande e suculenta melancia quente, graças aos minguados trocados que levava no bolso; não precisou muito para a doçura da fruta em pleno verão causar um tsunami nas suas tripas e uma pontada de dor no baixo ventre anunciar a chegada expressa de um jato de merda, inviabilizando qualquer medida preventiva ou que evitasse a tempo a tragédia.

Num átimo, só teve tempo de abaixar as calças e, ali mesmo, em meio as moçoilas apavoradas, ejetar toda aquela massa fétida ao solo; os amigos que, na época, eram de verdade, cercaram-no virados de costas e construíram uma barreira à sua humilhação, bem como as moças.

Desnecessário dizer que suas pretensões amorosas terminaram ali e sua honra só veio a ser lavada (bem depois das calças), quase 10 anos depois ao se casar com minha mãe, que à época destes fatos tinha apenas dez anos de idade e estava imune a vergonha.

Enfim, ninguém está livre de uma mancha em sua vida e quem conhece o meu pai, homem honrado e orgulhoso, sabe como isso é verdade!

Muito engraçado!