terça-feira, 3 de março de 2015

Desapertos da vida

Hoje rolaram nas redes várias imagens de uma moça que teve uma diarreia súbita e foi obrigada a aliviar-se na pista de dança mesmo de uma casa noturna.

Cômico, se não fosse trágico, pois abalou a moral da menina, bem bonita, por sinal. Talvez seja este contraste entre a boa aparência da senhorita e o tabu de cagar em público o que tenha dado o tom inusitado ao fato. Afinal, uma coisa não combina com a outra, né?


Isso me fez lembrar uma história contada pelo meu pai, quando eu era criança, sobre um fato semelhante ocorrido com ele; era o ano de 1960, mais ou menos e ele morava numa comunidade agrícola, na colônia mesmo; as chances de um rapaz de 20 anos se divertir com moças eram raras e uma vez por ano todos vestiam suas melhores roupas para participar da festa em honra ao padroeiro da localidade; durante dois dias as pessoas dançavam em bailes, comiam melancias e faziam o trotoir na praça, rapazes e moças, esperançosos de causarem a melhor impressão e, quem sabe, conseguir um namoro que lhes facilitasse a lida rural do ano seguinte.

Nesse contexto, estava meu velho e um grupo de amigos e amigas, todos na faixa dos 17-20 anos; os rapazes de terno e gravata, as moças em seus vestidos mais vistosos; davam voltas em torno da praça central, sol a pino, tendo sido a última refeição do meu pai uma grande e suculenta melancia quente, graças aos minguados trocados que levava no bolso; não precisou muito para a doçura da fruta em pleno verão causar um tsunami nas suas tripas e uma pontada de dor no baixo ventre anunciar a chegada expressa de um jato de merda, inviabilizando qualquer medida preventiva ou que evitasse a tempo a tragédia.

Num átimo, só teve tempo de abaixar as calças e, ali mesmo, em meio as moçoilas apavoradas, ejetar toda aquela massa fétida ao solo; os amigos que, na época, eram de verdade, cercaram-no virados de costas e construíram uma barreira à sua humilhação, bem como as moças.

Desnecessário dizer que suas pretensões amorosas terminaram ali e sua honra só veio a ser lavada (bem depois das calças), quase 10 anos depois ao se casar com minha mãe, que à época destes fatos tinha apenas dez anos de idade e estava imune a vergonha.

Enfim, ninguém está livre de uma mancha em sua vida e quem conhece o meu pai, homem honrado e orgulhoso, sabe como isso é verdade!

Muito engraçado!

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